O tratamento psicoterápico dentro da minha abordagem e com o “meu estilo” (ainda que psicólogos estudem e trabalhem com linhas teóricas semelhantes, obviamente irão conduzir o tratamento de acordo com suas características humanas peculiares) funciona desse modo: Primeiramente iremos nos conhecer e verificarmos juntos quais são os problemas (demandas) que estão interferindo na sua qualidade de vida e que você queira trabalhar na psicoterapia (normalmente o que está te incomodando e que o fez procurar o atendimento psicológico, como por exemplo, distúrbios psicossomáticos, problemas existenciais como rompimento, solidão, luto, depressão, sentimento de inutilidade, entre outros). Um quesito importantíssimo a considerar é perceber se no contato se estabeleceu confiança e vínculo, pois independentemente da abordagem teórica do profissional, esses elementos são imprescindíveis.
De tal forma situados, verificamos suas expectativas em relação ao trabalho para decidirmos a melhor forma de intervir e por quanto tempo (cada contexto deve ser avaliado em sua especificidade, uma vez que as pessoas são diferentes entre si, com características, recursos, graus de maturidade, complexidade do problema a ser abordado etc., bem distintos entre si). Tudo isso é conversado e discutido em detalhes na seção.
Feitas tais considerações, inicia-se uma entrevista muito detalhada, que irá percorrer todo o histórico de vida do paciente, para que se tenha uma visão o mais completa possível, já interligando pontos e compreendendo de modo mais profundo as dinâmicas e características pessoais da pessoa, seu próprio modo de ser e viver em relação a si mesmo e aos outros. Já nesse caminho, muitas informações e descobertas vão se dando não só para mim, como para o próprio cliente, iniciando já um processo de reconhecimento e autodescoberta que se correlacionam de modo muito apropriado com seu desenvolvimento pessoal. À medida que tais “insights” vão se dando, diversas reflexões e apontamentos são realizados conjuntamente, de modo a estabelecer pontes que até então não existiam, pois solitariamente muitas vezes não conseguimos pensar de modo objetivo sobre as situações difíceis nas quais estamos enredados.
Meu trabalho tem por base duas fundamentações teóricas: A Gestalt-terapia e a Fenomenologia Existencial, sendo a segunda uma das bases da primeira. Um pouco mais abaixo explico sobre elas, caso você queira saber um pouco mais. Quero dar agora andamento à explicação anterior, sobre a estruturação geral da terapia. Pois bem: com base nas questões e expectativas trazidas pelo cliente, estabelecemos um panorama de quanto tempo trabalharemos juntos, havendo avaliações periódicas do progresso do trabalho, para orientar este prazo (o que pode ser alterado, conforme a necessidade. Inicialmente fazemos consultas semanais e, com a evolução do processo, podemos passar a atendimentos quinzenais, mensais e ou esporádicos, até a alta, conforme cada caso específico. Diversas ferramentas são usadas no processo, além da escuta qualificada propriamente dita, como inventários, levantamento de dados, experimentos criativos, atividades de relaxamento, propostas reflexivas, além do processamento de memórias traumáticas, oriundas da metodologia proposta pelo EMDR (dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares). Abaixo você também encontra uma breve descrição de como é realizado o procedimento).
Se você chegou até aqui e quer conhecer um pouco mais sobre as correntes teóricas nas quais minhas intervenções estão baseadas, pode ler um pouquinho mais abaixo. De qualquer modo, por mais que se explique como se dá o processo, nada como experimentá-lo na prática, já que cada pessoa o vivencia de um modo bem particular. Mas, vamos lá: Com relação à Gestalt-terapia: Essa perspectiva considera o contexto total de vida da pessoa, focando, além da cognição ou da racionalidade: o contato e o reconhecimento de todos os sentimentos e sensações experimentados. É um modelo de psicoterapia que busca valorizar o que há de singular e positivo em cada um. Além do mais, ela advoga que deve haver uma integração entre pensamentos e corpo físico, para ampliar a consciência de si mesmo e do modo como se vive e se relaciona com o mundo, para se abrir a possibilidades e fazer escolhas mais acertadas. Neste contexto, os sentimentos, pensamentos e comportamentos são contemplados no presente, mas sem desconsiderar o passado. Uma característica que a diferencia das demais é o modo de intervenção do terapeuta, que é ao mesmo tempo confrontativo e apoiador, em uma relação horizontal com o cliente. É também dinâmica, por partir das experiências do cliente e da relação estabelecida com o terapeuta. A ênfase nas manifestações corporais são indicadores dos estados emocionais e por isso sua análise pode fornecer bons elementos para uma tomada de consciência do que acontece tanto dentro do próprio corpo quanto fora, nas relações com os outros. Tais insights ajudarão o cliente a perceber o que precisa fazer para modificar os padrões que o impedem de viver de modo mais regulado e harmônico, de forma responsável e autêntica. A perspectiva gestáltica considera que muitos de nossos comportamentos foram desenvolvidos como a melhor escolha possível em determinado momento, mas podem não ser mais efetivos (e estarem desencadeando sintomas adoecedores) e, portanto, devem ser substituídos por outros, mais criativos e saudáveis, para restabelecer a homeostase organísmica (o equilíbrio perdido). O propósito é ajudar o cliente, ao longo do tempo, a desenvolver em si mesmo a autoregulação, a autoaceitação e a autoconfiança, utilizando bem seus próprios recursos para superar seus impasses.
Sobre a Fenomenologia, de modo bem sucinto: A atitude do terapeuta aqui consistiria em propiciar um espaço de cuidado e atenção plena a despeito de interpretações teóricas rígidas e prévias, de tal modo que o paciente, nesta atmosfera, seja convidado a desvelar as inúmeras possibilidades de existir no mundo, para além das imposições externas cotidianas. Essas podem ser desconstruídas, para que o cliente atribua às suas experiências os seus próprios significados. O espaço terapêutico se torna um abrigo de franca interlocução e sem direcionamentos, favorecendo ao cliente expressar seus limites, medos e expectativas, posicionando-se de forma autêntica. Tudo isso de modo a compreender que todos esses elementos estão entremeados por um conjunto de circunstâncias às quais precisa realisticamente atentar de modo responsável e assim conduzir as escolhas que considera serem mais condizentes com seu modo próprio de existir. Talvez você tenha percebido que as duas vertentes estão bem próximas na concepção que partilham, de perceber o cliente em sua totalidade, de abrir-se para o que ele é em sua essência, respeitando sua singularidade, não é mesmo ?
Com relação ao EMDR, é uma abordagem reconhecida pela OMS com intervenções eficientes baseadas em evidências. Surgiu a partir das descobertas da Neurociência e de processos neurobiológicos característicos de diversos distúrbios cognitivos, emocionais, comportamentais e sociais, correlacionadas a disfunções em redes neurais interconectadas que alteram o cérebro- mente-corpo. O mecanismo básico é a estimulação bilateral do cérebro através de movimentos oculares para o reprocessamento de memórias traumáticas e ou eventos adversos. Os efeitos terapêuticos se dão ao permitir o acesso e o processamento de informações armazenadas em redes de memória que contribuem para a saúde mental cerebral. Faço uso da abordagem em situações específicas, quando observo que as questões trazidas ao consultório dizem respeito mais diretamente ou se correlacionam com eventos traumáticos ou muito estressores decorrentes de experiências cotidianas presentes e passadas, que foram vivenciadas em algum momento e não adequadamente processadas de modo integrado e que podem estar na base dos sintomas atuais.
Espero que tenha conseguido fornecer as informações necessárias para você entender melhor o processo da psicoterapia. Caso permaneçam dúvidas, fique à vontade para fazer contato. Ficarei lisonjeada em te atender e feliz em poder ajudar.